Aumento de impostos, bom só até certo ponto
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O efeito das medidas governamentais de restrição ao crédito (veja quadro) dividem os economistas. O Brasil já tem uma carga tributária excessivamente alta. Esses aumentos nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tende a elevar esse patamar, uma vez que cria uma escala de valores que são repassados desde a cadeia produtiva até a etapa final da venda de produtos e serviços, afirmou o professor de Finanças da Brazilian Business School (BBS) Ricardo Torres.

Ele avaliou ainda que essas ações teriam um viés arrecadatório. Se isso se confirmar, será ainda mais nocivo para a economia. O governo tenderia a gastar mais e de forma errada.

A avaliação de que as novas medidas anunciadas para o IOF teriam, na verdade, intenção de ampliar a arrecadação não é isolada. Grande parte do mercado aposta nisso, uma vez que com arrecadação menor fica mais difícil para o governo cumprir a meta de superávit primário – entrada de impostos para o pagamento dos juros da dívida – estabelecida para este ano, em 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB).

A diretora-executiva da Standard & Poors do Brasil, Milena Zaniboni, acrescentou que, caso o Brasil não cumpra a meta pode haver rebaixamento da classificação da nota de risco do País. Hoje, o Brasil possui a nota inicial de grau de investimento: BBB-. Em fevereiro, o superávit primário foi de R$ 2,56 bilhões, ante R$ 14,27 bilhões em janeiro.

A professora de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Cristina Helena Pinto de Mello considerou as medidas positivas no sentido de evitar um aperto ainda maior na taxa de juros, mas se mostrou preocupada com a situação da balança de pagamentos. Essas ações evitam a valorização do real e contribuem para desaquecer a economia, o que reduz a pressão sobre a balança de pagamentos.

No entanto, com a redução do superávit na balança comercial há uma piora das transações correntes. Será necessário usar  mais recursos da conta financeira para equilibrar o rombo da balança de serviços, que é tradicionalmente deficitária. Para ela, o Brasil não tem um passivo grande, mas uma fragilidade enorme para manter a atração de capital externo. No cenário externo, não há indicador que sinalize estabilidade. Qualquer mudança nos juros externos pode ser perigosa.

Contas externas – Os economistas também divergem quanto aos efeitos da valorização do real frente ao dólar. Apesar de reconhecer que a apreciação da moeda local reduz a competitividade da indústria nacional, para Torres, da BBS, o Brasil vive uma situação muito distinta da registrada nos EUA.

A partir dos anos 1970, as indústrias norte-americanas intensificaram o processo de exportação de indústrias e empregos. Porque não conseguem produzir localmente para suprir a demanda, o que não acontece no Brasil.

E acrescentou. Além disso, precisamos parar de olhar para só para fora e olhar do lado. As empresas nacionais de pequeno e médio portes têm um universo potencial de negócios entre si que não é aproveitado.

Segundo o professor de Finanças da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana, a valorização da moeda norte-americana teria um efeito positivo para o controle da inflação, ao inibir o consumo. ( com agências)

Fonte: Diário do Comércio

Data: 01/04/2011 às 10h53
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