A taxa de desemprego subiu para 6,4% em fevereiro, a maior desde agosto do ano passado. Divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador demonstrou que as medidas do Banco Central (BC) para desaquecer a economia e, em consequência, minar a inflação começaram a ter reflexos na criação de postos de trabalho. A pesquisa mensal apontou um número de 1,5 milhão de desocupados no país, num crescimento de 6% em relação ao mesmo mês de 2010.

Na mesma comparação, a desocupação representou um recuo de um ponto percentual — em fevereiro de 2010, ela era de 7,4%. O aumento em relação a janeiro, quando o índice era de 6,1%, foi considerado pequeno. “No mês passado, era esperado um aumento. Mas tivemos, nessa pesquisa domiciliar, informações sobre níveis de dispensa menor do que a série costuma indicar em fevereiro. O número de pessoal desocupado está estável”, afirmou Adriana Berenguy, economista do IBGE.

Apesar das explicações, o economista Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, identificou na pesquisa do IBGE sinais de que as iniciativas do BC para reduzir a inflação já começaram a diminuir o emprego. “É preciso pesquisar os efeitos das medidas de contenção na informalidade, porque o mercado de trabalho brasileiro apresenta muita ocupação precária”, disse.

Para o economista do Santander Cristiano Souza, o desemprego em 6,4% reflete o que ocorre nos primeiros meses do ano, quando se encerram os contratos dos empregados temporários admitidos para o Natal.