Correção do IR só em abril
Compartilhar:

Com o adiamento do envio da MP que reajusta a tabela do IR em 4,5%, Planalto diminui a renúncia fiscalem R$ 180 milhões.

O governo decidiu encaminhar ao Congresso somente em abril a medida provisória que reajusta a tabela doImposto de Renda em 4,5%. A explicação é a necessidade de a modificação ser aplicada em mês cheio por conta da dificuldade da Receita Federal em fazer o cálculo com os dias quebrados de março. Mas, na prática, a saída encontrada pelo Palácio do Planalto diminui a renúncia fiscal em cerca de R$ 180 milhões.

A promessa do governo era encaminhar a MP assim que sancionasse o reajuste para o salário mínimo, mas a medida acabou adiada até a total desistência. Um dos motivos foi a discussão sobre qual fonte de receitado governo vai compensar a perda de arrecadação. No começo do mês, o ministro da Fazenda, GuidoMantega, tinha dito que o governo estudava instrumentos compensatórios para uma renúncia estimada emR$ 1,6 bilhão.

A medida provisória tem efeito imediato, assim que a tabela for corrigida, o Leão irá abocanhar uma parte menor dos salários. A nova faixa de isenção, por exemplo, sobe de 1.499,15 para R$ 1.566,61, quemganha esse valor não paga Imposto de Renda. A Receita Federal também já havia informado que recolhimentos em desacordo com a nova tabela serão compensados na declaração do IR de 2012.

Em março, o governo continuará a recolher o imposto dentro da atual faixa e não trará dificuldades técnicas para ajustes futuros. “Foi uma solução que ficou boa para o governo. O mês fica cheio na cobrança e o cofre do governo continua gordo”, afirmou um aliado da presidente Dilma Rousseff.

As centrais sindicais pressionavam por um reajuste de 6,47%, mas o governo preferiu manter a proposta fechada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007: a correção da tabela pelo centro da meta de inflação.

Críticas

O IR representa a principal fatia de arrecadação da Receita. Em janeiro, foram coletados cerca de R$ 29 bilhões, enquanto em fevereiro, segundo dados preliminares, quase R$ 14 bilhões chegaram aos cofres doTesouro Nacional.

Ao diminuir a renúncia fiscal desse ano, o governo atende também à meta de cortar R$ 50 bilhões emgastos do Orçamento 2011. Com mais recursos para aplicar, menos obras podem sofrer com a tesoura. Com isso, o governo também adia uma medida impopular como aumento de tributo, como havia dito Mantega, para compensar a perda de receita.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), criticou a decisão do governo. Para ele, o Palácio doPlanalto descumpriu a própria promessa. “Postergar cada vez mais é aumentar a apropriação dos recursosdo contribuinte e, consequentemente, aumenta ainda mais a carga tributária”, afirmou o tucano.

Nogueira aproveitou para atacar a postura do governo com as centrais sindicais que convocou os sindicalistas para uma mesa de negociação, mas não abriu brecha para aumentar o percentual de correção. “O governo fez um encontro bastante inconveniente com as centrais. Chamou para discutir, mas desde que aceitasse os 4,5%. E, para compensar, ainda oferece os cargos nas estatais, o que torna a conversa ainda mais inconveniente”, disse. O

PSDB está num processo de aproximação com a Força Sindical, presidida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

Na última reunião com os representantes dos trabalhadores, a presidente regulamentou lei que abre para os sindicalistas a ocupação de um posto no conselho de administração das estatais.

 

Fonte: Correio Braziliense

Data: 18/03/2011 às 09h53
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o crcse.org.br, você concorda com a Política de Privacidade e a Política de Cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de Cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.