Preço da gasolina pode subir com crise na Líbia
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A crise política que afeta países do norte da África e do Oriente Médio pode resultar, no pior cenário possível, em um aumento dos preços do combustível no Brasil. Isso teria reflexos na inflação e o Banco Central poderia reagir elevando ainda mais a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira), o que acabaria por prejudicar o país. A avaliação é do economista da corretora Uniletra, Plinio Louzada.

- O mercado de petróleo é um mercado futuro, ou seja, é todo baseado na confiança e em expectativas. As expectativas dos investidores é que podem mexer com os preços de produtos como o petróleo. Se os temores quanto à situação naqueles países piorar, o preço do petróleo pode disparar.

Louzada lembra que a Petrobras vem mantendo os preços da gasolina inalterados. O Banco Central, por sua vez, trabalha com um cenário de preços inalterados da gasolina para este ano. Mas se o combustível começar a pressionar a inflação, o BC pode reagir com mais altas de juros, o que teria efeito no mercado financeiro e na economia real – o crédito ficaria mais caro, por exemplo.

Com o crédito caro, em, um cenário em que o BC já vem tentando conter a farra do consumo dos brasileiros, a atividade econômica perderia força e o país sofreria uma desaceleração.

- A Petrobras tem segurado o preço do combustível, mas, apesar de ter seu lado de empresa atuante no mercado, ela tem também um certo compromisso com um lado social. Se a crise naqueles países se tornar insustentável, no entanto, aí pode se tornar inviável continuar nessa linha.

Preço do barril

A cotação do petróleo do tipo Brent superou a marca de R$ 175 (US$ 105) por barril nesta segunda-feira (21), em consequência da crise na Líbia – país-membro da Opep (Organização de Países Produtores de Petróleo) e o quarto produtor de petróleo da África (atrás de Nigéria, Argélia e Angola), com cerca de 1,8 milhão de barris diários e possui reservas avaliadas em 42 bilhões de barris.

A Líbia é governada há mais de 40 anos por Muammar Gaddafi. A ONG (organização não governamental) Human Rights Watch estima (mas não confirma) em mais de 200 o número de mortos. e diz que o número pode subir em breve.

O petróleo Brent, negociado em Londres, é explorado principalmente no mar do Norte (que banha o Reino Unido, a Holanda, parte do norte da Alemanha, a Dinamarca e parte do sudoeste da Noruega). O produto é adequado principalmente para a produção de gasolina.

Revoluções

As revoluções que derrubaram os governos autoritários da Tunísia e do Egito serviram de combustível para a onda de protesto popular que se espalha pelos países islâmicos do norte da África e do Oriente Médio. Os regimes autoritários, governados por líderes que ficam por décadas no poder, se veem ameaçados pelos protestos tomam as ruas das principais cidades da região.

Além de maior liberdade política e reformas no sistema, os manifestantes pedem melhores condições de vida, mais empregos e menos corrupção.

O Itamaraty diz que acompanha a situação de outros países árabes onde também há revoltas, como Bahrein e Iêmen, mas até o momento não há notícias sobre brasileiros em dificuldades nessas regiões.



Data: 24/02/2011 às 12h43
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