A desaceleração na demanda esperada para o segundo semestre deste ano será o freio para os aumentos de preços dos serviços que não seguem uma lógica preestabelecida, concordam os economistas.
O limite desses reajustes de preços virá com o recuo da demanda, prevê o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor - IPC -, da Fipe, Antonio Comune. Segundo ele, o aumento da inércia inflacionária vem da dobradinha ganho real de salário e aumento da disponibilidade de crédito, que ainda mantém hoje o consumo aquecido.
Só o salário mínimo teve, nos últimos seis anos, um ganho real de 6% a cada ano, observa o economista chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.
Depois do aperto no crédito dado pelo governo no fim do ano passado, com o aumento do nível dos depósitos compulsórios dos bancos, e o ciclo de elevação dos juros básicos iniciado neste ano, Borges acredita que o enfraquecimento do ritmo de atividade vai brecar esses reajustes a partir do segundo semestre.
Os serviços têm pressionado os preços porque a demanda é maior que a oferta e esses itens não enfrentam concorrência externa, ressalta o sócio da consultoria Tendências, Juan Jensen. Ele também acredita que o consumo deve perder força a partir de meados do ano e os preços vão arrefecer.
Mas, por enquanto, os prestadores de serviços estão muito à vontade para fazer qualquer aumento. O empreiteiro Zeilton Santos Pinho, por exemplo, reajustou em 20% os preços dos serviços de empreitada.
Os aumentos, segundo ele, foram necessários porque o valor da diária de um pedreiro aumentou 80%, em média, em três meses, de R$ 75 para R$ 135. Com R$ 100 não se faz mais nada, diz, fazendo menção ao preço da carne. Apesar do reajuste, Pinho conta que a procura por reparos nos domicílios ainda não caiu. Depois desta obra, tenho três engatilhadas.