A revista britânica The Economist ironizou declarações do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, negando que o país teria enfrentado novos apagões dizendo que os brasileiros têm de se acostumar às interrupções temporárias toda vez que ligarem o ar-condicionado.
Em sua edição que chegou às bancas nesta sexta-feira, 11, a revista traz uma matéria sobre os recentes blecautes que deixaram no dia 4 de fevereiro quase 50 milhões de pessoas em oito Estados no nordeste do país sem energia na maior parte da noite.
A Economist cita a declaração feita pelo ministro negando que tivesse havido um apagão na ocasião e dizendo que o problema se tratou de uma interrupção temporária no fornecimento de energia.
Segundo a revista, Lobão vem evitando falar em apagão, pois prefere guardar a palavra para um problema muito mais grave: um grande e sustentado desequilíbrio entre o fornecimento de energia e a demanda.
A matéria lembra que isso ocorreu pela última vez entre 2001 e 2001, após décadas de crescimento no uso de energia e baixo investimento na área, seguidos de uma grave seca que baixou a capacidade das hidrelétricas. Na época, houve racionamento.
CONSUMO
A Economist cita que o consumo de energia cresceu 7,8% no ano passado e que não deve haver um recuo nessa tendência, mesmo se a economia brasileira parar de avançar.
A revista afirma que os brasileiros não estariam dispostos a desligar da tomada suas recém-compradas geladeiras e máquinas de lavar - em uma referência ao crescimento do consumo no país.
Para lidar com esse cenário, o governo está planejando investir R$ 214 bilhões no setor, vindo tanto dos cofres públicos como da iniciativa privada.
Parte dessa verba se aplicaria em fontes alternativas de energia, como a eólica e a gerada por biomassa.
No entanto, a maior parte do dinheiro será direcionado a novas hidrelétricas, como a polêmica Belo Monte.
HISTÓRICO
O Brasil, lembra a revista, teve 91 apagões em 2010, 48 a mais que em 2008, e que em grandes cidades, cortes de energia localizados estão se tornando cada vez mais comuns.
No dia 4 de fevereiro, ficaram sem luz diversas áreas em sete Estados do Nordeste: Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Quatro dias depois, outro blecaute atingiu a região sul da cidade de São Paulo, afetando 2,5 milhões de pessoas, segundo dados citados pelo governo.