|
Serviços de transportes contribuíram com a queda
do índice em relação a setembro
(Foto: Reprodução / EPTV) |
O setor de serviços registrou crescimento nominal de 5,2% em outubro,
na comparação com o mesmo mês de 2013, segundo dados divulgados nesta
terça-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (
IBGE)
Segundo o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE,
Roberto Saldanha, os principais impactos na desaceleração vieram dos
serviços prestados às famílias, de informação e comunicação e dos
transportes. ?No mês de eleição nós temos horário gratuito. Vocês
imaginam quanto custa um minuto de propaganda na televisão? Milhões, uma
hora de horário gratuito é a hora que as empresas deixam de arrecadar.
Então, a gente não pode negar que isso afeta?, explicou Saldanha.
?No caso dos serviços prestados às famílias, o que houve foi um
comportamento geral nos serviços de promoção e eventos culturais e
espetáculos, que tiveram retração em relação a outubro do ano passado.
Foi esse segmento que puxou para baixo, que provocou variação negativa
de outros serviços?, disse.
?Em outubro do ano passado ocorreram muitos eventos culturais e neste
ano não ocorreu nada, até porque foi mês de eleição, então, não havia
por que ocorrer?, completou.
Já os serviços profissionais, administrativos e complementares foram os
que impulsionaram o indicador para cima. ?Foram esses serviços que mais
contribuíram. As empresas de segurança, industriais, comerciais, os
serviços de administração pública contrataram mais esses serviços em
outubro?, afirmou Saldanha.
Os serviços prestados às famílias registraram crescimento de 6,8%; os
serviços de informação e comunicação, de 2,1%; os serviços
profissionais, administrativos e complementares, de 11,3%; transportes,
serviços auxiliares dos transportes e correio, de 3,1%; e outros
serviços, de 11,5%.
O resultado de 3,1% registrado nos transportes, serviços auxiliares dos
transportes e correio (inferior às taxas de 6,5% de setembro e 3,2% de
agosto) combinado com o resultado de 2,1% registrado nos serviços de
informação e comunicação (inferior à taxa de 2,7% de setembro e superior
à taxa de 1,7% de agosto) foram os fatores que mais contribuíram para
que o resultado do mês de outubro fosse inferior ao de setembro, segundo
o IBGE.
Os transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, com peso
de 30,7%, reduziram sua participação relativa de 32,8% para 19,2%, e os
serviços de informação e comunicação, atividade de maior peso na
estrutura de formação da taxa global da pesquisa (35,7%), também
registraram redução na composição relativa da taxa global, passando de
14,1% em setembro para 13,5% em outubro.
De acordo com Saldanha, as eleições também afetaram a demanda de
serviços de transportes aéreos. ?O que aconteceu é que foi um mês de
eleição. Ele tem duas linhas: o segmento de lazer e corporativo. O
corporativo teve crescimento muito pequeno por ser um mês de eleição. É
um mês de negócios fracos, vamos dizer assim?.
Segundo o especialista, o volume de passageiros transportados aumentou
6,7%, mas no segmento de lazer, de acordo com dados da Associação
Brasileira de Empresas de Transportes Aéreos (Abear), no entanto, houve
uma redução de 23,5% no preço das passagens.
?Então, apesar do volume de passageiros ter aumentado, a receita das
empresas foi menor porque houve essa redução no preço das passagens
aéreas. Como foi um mês de negócio fraco, não houve crescimento do
segmento corporativo, o segmento de lazer não foi suficiente.?
Segundo Saldanha, em relação ao transporte aéreo, o que afetou foi um
menor volume de negócios, o que levou a uma redução no turismo de
negócios. No setor industrial, foi afetado principalmente o setor de
transporte de carga. ?Esse mês [outubro] foi um mês atípico por causa
das eleições que afetou esses dois segmentos que são fortes. O setor de
televisão é muito forte no setor de serviços, e o transporte aéreo
também. Teve um crescimento menor, uma demanda menor?, analisou
Saldanha.
Por estado
Regionalmente, as maiores variações ocorreram no Ceará (13,4%), no
Distrito Federal (12%) e na Paraíba (11%). As menores taxas positivas de
crescimento foram registradas em Mato Grosso do Sul (0,9%), Pernambuco
(1,4%) e Minas Gerais (1,7%). Já os estados do Amapá (-6,3%), Roraima
(-4,7%), Sergipe (-4,5%) e Mato Grosso (-1,2%) apresentaram variações
negativas.
?Aí a questão de transporte afetou muito Mato Grosso, esse menor
crescimento do transporte terrestre, principalmente o de carga, foi um
dos fatores que causaram o crescimento negativo de Mato Grosso. O
transporte tem peso muito grande no estado e também no Mato Grosso do
Sul. São estados que têm corredor de transportes com São Paulo e o porto
de Santos?, explicou.
Fonte: G1