Pouco menos de cinco meses após a final da Copa de 2014, quase a metade
das obras em aeroportos públicos brasileiros, previstas para antes da
competição, ainda não está pronta, aponta relatório do Tribunal de
Contas da União (TCU) divulgado nesta quarta-feira (3). Além disso, o
custo estimado desses projetos sofreu um aumento de 66%, passando de R$
2,66 bilhões para R$ 4,4 bilhões.
De acordo com a corte, das 26 obras previstas para esses aeroportos,
administrados pela estatal Infraero, 12 ainda não foram concluídas.
Entre elas estão as reformas dos terminais de passageiros dos aeroportos
de Confins, em Minas Gerais, e de Fortaleza, cujos contratos estão em
fase de rescisão. A corte aponta que a situação desses empreendimentos é
?crítica?, já que nova licitação deve ser necessária para que sejam
finalizados.
Outro caso preocupante é a ampliação do terminal de passageiros do
aeroporto de Porto Alegre que, até junho, início da Copa, tinha apenas
1,85% das obras executadas. A nova previsão de entrega é outubro de
2016.
O descumprimento das metas também atingiu os aeroportos sob concessão
de empresas privadas, aponta o TCU. A matriz de responsabilidade,
documento elaborado a pedido do tribunal com a identificação dos
projetos que seriam construídos para a Copa, relaciona um total de R$
3,62 bilhões em obras para 4 aeroportos privados.
Segundo o relatório aprovado nesta quarta, ?as ações previstas na
Matriz para os aeroportos internacionais de São Gonçalo do Amarante
(RN), Brasília (DF), Viracopos e Guarulhos (SP), embora se encontrem em
elevado estágio de implementação, não foram rigorosamente cumpridas até a
Copa.? A corte aponta que Viracopos ?apresentou o maior número de
demandas não cumpridas.?
Mobilidade
A auditoria também verificou que, das 35 obras de mobilidade previstas
para as cidades-sede dos jogos da Copa, apenas 6 foram concluídos até
junho, quando o evento começou. Em outubro, 9 delas ainda tinham menos
de 60% da execução.
Esses 35 projetos tem hoje custo estimado em R$ 7,1 bilhões, 1,4%
superior ao previsto inicialmente na matriz de responsabilidades. Entre
eles estão a construção de corredores rodoviários, de linhas de BRT e de
VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
O documento também aponta ?inconsistências? em informações sobre esses
empreendimentos, entre elas obras sem medição mas com desembolsos,
divergências entre valores informados pela Caixa, que financiou parte
dos projetos para a Copa, e o Portal da Transparência, além de valor
financiado maior que o valor contratado.
Estádios e portos
Ainda de acordo com o TCU, as obras previstas para os portos de
Fortaleza, Natal, Manaus, Recife, Salvador e Santos (SP) apresentaram
aumento de 17% no custo somado, que passou de R$ 587,3 milhões para R$
684,8 milhões.
Também custaram mais caro que o previsto os 12 estádios da Copa.
Segundo o tribunal, a última versão da matriz estimou o investimento
total em R$ 8 bilhões, mas o custo final chegou a R$ 8,44 bilhões. A
reconstrução do estádio de Brasília foi a mais cara: R$ 1,4 bilhão.