O número divulgado pela autoridade monetária está um pouco acima do que estima o mercado financeiro, cuja expectativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB), feita na semana passada, é de 1,7% para 2014. O valor, porém, está abaixo da estimativa feita pelo Ministério da Fazenda e presente no Orçamento deste ano, de alta de 2,5% do PIB.
A economia brasileira passa por um processo de transição, com mudanças tanto na demanda quanto na oferta agregada. É plausível informar que, ao final deste período de transição, o ritmo de crescimento tende a não ser tão diferente do observado em 2013 [+2,3%], mas a qualidade tende a ser melhor. Com mais investimentos, mais exportações e menos consumo. Com mais indústria e agricultura e menos serviços. Mais setor privado e menos setor público, declarou o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton.
Resultado de 2013
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou, no fim de fevereiro, que o PIB de 2013 avançou 2,3%. Com isso, houve aceleração de 1% frente ao resultado de 2012. A alta sofreu forte influência do desempenho da agropecuária, que teve expansão de 7% ? a maior desde 1996.
Entre uma lista de países selecionados e apresentados pelo IBGE, o crescimento da economia brasileira em 2013 aparece como o terceiro maior, atrás apenas da expansão de 7,7% da China e de 2,8% da Coreia do Sul.
Segundo avaliou no fim de fevereiro o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o ano de 2013 foi difícil para a economia mundial, incluindo o Brasil, por conta do baixo nível de atividade e da retirada de estímulos nos Estados Unidos. Apesar disso, o crescimento tende a ser um pouco maior no país este ano.
Projeção por setor
O Banco Central previu uma expansão de 3,5% para a produção agropecuária em 2014, contra 7% de alta observada em 2013. Já a projeção de crescimento para a indústria é de 1,5% neste ano, em comparação com a alta de 1,3% registrada em 2013.
Nesse contexto, destacam-se a reversão de -2,8% para 4% do desempenho da indústria extrativa mineral e o crescimento de 0,5% da indústria de transformação. Para as atividades de construção e produção e distribuição de eletricidade, gás e água, estimam-se crescimentos respectivos de 1,1% e 3,7% no período, acrescentou a autoridade monetária.
Já pelo lado da demanda, o BC projetou um crescimento de 2% para o consumo das famílias este ano (contra 2,3% registrados em 2013), amparado no cenário de manutenção das baixas taxas de desemprego e de ganhos reais de salários moderados.
Segundo as estimativas do BC, o consumo do governo, por sua vez, deverá subir 2,1% em 2014, e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) ? ou seja, os investimentos do país ? deverão ter alta de 1% este ano, contra 6,3% em 2013.
Cabe notar que a perspectiva de desaceleração na FBCF em 2014 reflete, em parte, o carregamento estatístico do último trimestre de 2013, informou o BC.
Segundo as projeções da instituição financeira, as exportações e as importações de bens e serviços devem crescer este ano 1,3% e 0,9%, respectivamente, ante elevações de 2,5% e 8,4%, respectivamente, observadas em 2013.
As exportações devem se beneficiar do cenário de maior crescimento global e da depreciação do real, a qual também deve contribuir para o arrefecimento [esfriamento] das importações, acrescentou o BC.
Nesse cenário, finaliza a autoridade monetária, o aumento de 2% do PIB projetado para 2014 estará condicionado à contribuição de 2 pontos percentuais da demanda interna e ao impacto nulo, portanto, do setor externo.
Fonte: G1