Do primeiro para o segundo trimestre do ano, o IED no País passou de US$ 5,59 bilhões para US$ 6,45 bilhões, segundo dados do Banco Central, e a expectativa para o ano é que alcance os US$ 30 bilhões, contra US$ 25,9 bilhões de 2009.
Enquanto isso, o Reino Unido, por exemplo, viu o IED declinar US$ 49 bilhões, do primeiro para o segundo trimestre do ano, segundo relatório da Unctad. E a tendência é global. O índice da Unctad que mede o investimento direto no mundo ficou em 84,6 pontos no segundo trimestre de 2010, sendo que qualquer pontuação abaixo de 100 significa retração.
Segundo o economista do Santander Cristiano Souza, o Brasil já saiu da crise e teve uma retomada de investimentos nacionais e estrangeiros. A expectativa é de que o IED alcance US$ 30 bilhões em 2010 e US$ 35 bilhões em 2011, superando o patamar de 2007, disse.
O otimismo quanto aos investimentos estrangeiros no País é também compartilhado pela pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Lia Valls.
Até 2007, a taxa de crescimento da economia brasileira era inferior a dos demais países em desenvolvimento. E os investidores diretos estão preocupados com o mercado. Mas o Brasil saiu muito bem da crise, tem uma imagem melhor agora, disse Lia.
A economista da FGV lembra que neste meio tempo, da crise internacional, o Brasil ainda descobriu importantes reservas de petróleo e o agronegócio cresceu. A recuperação lenta dos países em desenvolvimento, no entanto, pode atrapalhar o aumento do fluxo de investimentos para o Brasil, de acordo com Lia.
Para Souza, o aumento do IED no Brasil é reflexo dos bons fundamentos econômicos e estabilidade nas regras de mercado. Além disso, para ele, o mercado consumidor interno tem grande potencial, porque o Brasil é um país jovem, que seguirá tendo melhor distribuição de renda.
Para o economista, apenas os problemas de infraestrutura e a complexidade das regras fiscais brasileiras poderiam afugentar os investimentos estrangeiros diretos.
Ele também lembra, porém, que uma grande parte dos recursos disponíveis para investimento no mundo simplesmente desapareceu com a crise. Havia mais de US$ 2 trilhões no mercado mundial em 2007, valor que foi crescendo até o estopim da crise. Em 2010, esse valor voltou a US$ 1 trilhão. Uma parte sumiu mesmo, afirma.
Maior participação dos países em desenvolvimento
Não apenas o volume de investimento estrangeiro direto deve ser maior entre países em desenvolvimento. Nações como China, índia e Rússia, além do Brasil, devem ganhar participação no volume de recursos investidos no mundo.
A China está investindo para reduzir sua dependência de matérias primas no mundo, comprando terra na África para produzir alimentos e investindo em minas ao redor do mundo, afirma Souza.
A Índia tem investido, por exemplo, na indústria farmacêutica no Brasil, lembra Lia, da FGV. A empresas brasileiras, inclusive, passam por um momento de internacionalização, diz.