A Receita Federal identificou indícios de irregularidades de quase
de R$ 6 bilhões em 29 mil declarações apresentadas pelas empresas optantes do
Simples Nacional somente em 2010. Esses valores se referem ao cruzamento de
informações entre o que foi declarado pela empresa e o que foi recebido por ela
por serviços prestados aos governos (federal, estadual e municipal) e também de
administradoras de cartão de crédito.
Segundo cálculos da Receita, as 29 mil empresas optantes do Simples
analisadas declararam uma receita bruta de R$ 4,619 bilhões. Porém, o valor
informado por terceiros chega a R$ 10,152 bilhões. Isso gerou uma
inconsistência de R$ 5,986 bilhões. Com a correção das informações pelos
contribuintes, a estimativa de arrecadação da Receita é de R$ 600 milhões.
Para tentar estimular a autorregularização das declarações, a Receita
vai disponibilizar, a partir de segunda-feira, o programa Alerta Simples
Nacional. Com esse sistema, a empresa, com pendência com o Fisco, vai receber
um ?alerta? de incoerências na declaração ao emitir a guia de pagamento de
tributos no portal do Simples Nacional. O alerta deve ser emitido em setembro e
outubro. A fiscalização vai começar em dezembro. ?A Receita poderia iniciar a
fiscalização de 29 mil contribuintes, mas considerando os valores envolvidos,
muitas empresas seriam empurradas para a informalidade?, afirmou o
coordenador-geral de Fiscalização da Receita, Iágaro Jung Martins. Com o novo
sistema, a empresa poderá apresentar uma nova declaração à Receita Federal
corrigindo as distorções. Ao retificar as informações, o contribuinte fica
livre de um procedimento de fiscalização e fica livre do pagamento de multa,
que varia entre 75% e 225% sobre os tributos devidos.
De acordo com Martins, o programa Alerta Simples Nacional é uma chance
que o Fisco está dando para que as empresas optantes pelo fisco regularizem sua
situação. Isso porque, as incoerências identificadas nas 29 mil declarações têm
um grau elevado de confirmação. ?Das 29 mil empresas, o grau de certeza é de
90% de haver autuação caso elas não corrijam as informações?, explicou o
coordenador. Porém, o cruzamento de informação não serve como prova. Conforme o
coordenador, é apenas um indício de irregularidade.
No próximo ano, a Receita quer apertar ainda mais a fiscalização das
pequenas e micro empresas. Para isso, além de informações sobre prestação de
serviços ao governo e de administradoras de cartão de crédito, deverá incluir,
por exemplo, o cruzamento do faturamento das empresas do Simples (cujo teto é
de R$ 3,6 milhões) com os dados recebidos de notas eletrônicas.
Hoje, mais de
3.404.735 contribuintes entregam declaração como optantes do Simples. Nessa
primeira fase, serão emitidas 29 mil alertas referentes a indícios de omissão
de receitas auferidas em 2010, decorrentes dos repasses recebidos das
administradoras de cartão de crédito, informados à Receita Federal via Decred,
e a vendas efetuadas ao governo federal, cujos dados foram obtidos via Sistema
Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi).
Fonte: www.radiocontabil.com.br