Mercados se antecipam e exageram, diz Mantega sobre alta do dólar
Compartilhar:
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou nesta quarta-feira (3) que a alta do dólar, que está sendo verificada recentemente no Brasil, faz parte de um movimento internacional de valorização da moeda norte-americana, motivada pela sinalização do Federal Reserve (o BC dos Estados Unidos) sobre a redução de estímulos ao crescimento daquele país nos próximos meses.

O dólar voltou a fechar em alta nesta quarta-feira e renovou a cotação máxima quatro anos. A moeda norte-americana terminou o dia vendida a R$ 2,2691, uma valorização de 0,84% frente ao real. É o maior valor de fechamento desde 1º de abril de 2009, quando a moeda encerrou a R$ 2,281.

O dolar está se valorizando principalmente em relação à moedas de paises emergentes, países com commodities [com produção de alimentos, aço e petróleo, por exemplo]. Esse é um movimento internacional. O Brasil, como os outros, está neste mesmo barco. Se você olhar nas últimas 24 horas, outras moedas se desvalorizaram mais do que o real, declarou o ministro da Fazenda a jornalistas.

Segundo ele, é preciso esperar que haja uma acomodação dos mercados, uma adaptação em relação ao novo cenário nos Estados Unidos. Isso está mexendo com os mercados. Os mercados exageram, até porque se antecipam aos movimentos. E, em algum momento, isso vai sofrer uma acomodação, declarou ele, explicando que esse ajuste já está implicando em juros maiores nos EUA. Os capitais vão se posicionar perante a possibilidade de lucros nos vários países, disse o ministro.

Efeitos do dólar alto
O dólar alto aumenta a competividade das vendas externas brasileiras, tornando-as mais baratas, e também encarece as importações. Ao mesmo tempo, porém, também pode impulsionar a inflação, uma vez que torna a compra de produtos importados do exterior mais caros, e esses preços mais altos são repassados para o mercado interno. Dólar alto também impacta empresas com dívida em moeda norte-americana - cujo valor, em reais, fica maior.

Corte adicional no orçamento
Questionado sobre a possibilidade de um corte adicional no orçamento deste ano, segundo informações veiculadas pela imprensa nos últimos dias e rumores que circulam no mercado financeiro, Mantega foi evasivo: não sei, se limitou a dizer. Mais cedo, Mantega se reuniu com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, em reunião que não estava na agenda oficial. Após o fim do encontro, ela disse que não foi fechado valor de corte nenhum.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, declarou também nesta quarta-feira que não há definição, até o momento, sobre um possível corte adicional de gastos no orçamento deste ano. Não há ainda definição, afirmou após reunião fechada na Comissão de Finanças e Tributação na Câmara dos Deputados.

Em maio, o governo anunciou um bloqueio de R$ 28 bilhões em gastos no orçamento de 2013, o que representa queda frente aos dois últimos anos: em 2011, o bloqueio de despesas anunciado inicialmente pela equipe econômica foi de R$ 50 bilhões, e, no ano passado, totalizou R$ 55 bilhões. Segundo analistas, o aumento de gastos, resultado de um superávit primário menor neste ano, embora estimule o crescimento do PIB, tende a piorar o perfil das contas públicas e a influenciar para cima o comportamento da inflação.

A meta de superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida pública) em 2013 está em em 2,3% do PIB para todo o setor público, o equivalente a R$ 110,9 bilhões. Este valor considera o bloqueio de gastos de R$ 28 bilhões, anunciado em maio, e um abatimento de R$ 45 bilhões em gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da meta cheia.

 

Fonte: G1


Data: 04/07/2013 às 09h14
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o crcse.org.br, você concorda com a Política de Privacidade e a Política de Cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de Cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.