Redução da tarifas de transporte deve aliviar inflação de junho e julho
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As recentes diminuições nos preços das tarifas de transporte público nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, após protestos, devem provocar uma redução de aproximadamente 0,1 ponto percentual na inflação somada dos meses de junho e julho, apontam consultorias ouvidas pelo G1. A queda, contudo, deverá ser pontual e não refletirá no longo prazo, tendo em vista, principalmente, se a atual desvalorização do real frente ao dólar continuar.
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A inflação é uma alta persistente e generalizada dos preços. Provocada pelo desequilíbrio entre oferta e demanda, pelo excesso de moeda ou por gastos públicos elevados, entre outras causas, ela provoca perda do poder de compra e reduz a eficiência da economia. Leia mais

O impacto negativo da redução das tarifas nas duas cidades no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deverá ser de 0,09 ponto percentual no acumulado de junho e julho, calcula o estrategista-chefe da Santander Asset Management, Ricardo Denadai.

De acordo com ele, o impacto em junho deverá ser menor, de 0,03 ponto percentual, sobre o de 0,06 ponto em junho (a diferença entre os dois meses leva em conta que junho teve dias com a tarifa maior).

É bastante simples, o transporte publico é um dos itens que compõem o IPCA, da mesma maneira que ele vinha influenciando para cima com as novas tarifas, agora que foi revogado o aumento, terá o efeito contrário, explica Donadai.

Outras cidades também anunciaram reduções nas tarifas, mas Donadai salienta que apenas Rio e São Paulo, juntas, têm peso de quase 50% na composição do IPCA (São Paulo com 31,7% e Rio de Janeiro com 12,5%).

Com as reduções, as projeções do Santander Asset Management para o IPCA de junho ficaram em 0,30%, sobre algo entre 0,34% e 0,35% anteriormente. Donadai explicou, contudo, que nas novas projeções incluem também uma pressão menor dos alimentos no período, e não apenas os transportes. Para julho, a projeção é de 0,20%.

Estimativa preliminar da consultoria Tendências prevê uma redução total de 0,10 ponto percentual na inflação nos dois meses ? também levando em conta apenas a diminuição dos preços dos transportes no Rio e em São Paulo.

A consultoria prevê que o impacto negativo deve ser de 0,03 ponto percentual em junho e de 0,07 em julho, diz a analista Adriana Molinari. Isso a gente contabilizando as reduções de São Paulo e Rio de Janeiro, disse.

Antes das reduções, a consultoria previa que a inflação de junho deveria ser de 0,40% e de julho, de 0,31%. Com as alterações, contudo, as projeções devem cair. Adriana salienta, contudo, que esperará o resultado do IPCA-15, nesta sexta-feira, para confirmar redução das projeções.

Meta de inflação
O matemático José Dutra Vieira Sobrinho, conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon) de São Paulo, salienta, contudo, que qualquer taxa superior a 0,08% em junho já fará que o IPCA ultrapasse os 6,5% no acumulado em 12 meses ? o teto da meta do Banco Central.

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, a meta central de inflação, medida pelo IPCA, é de 4,5% para 2013 e 2014, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, a inflação pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Em maio, a variação do IPCA foi de 0,37%, ficando justamente no teto da meta de 6,5% em 12 meses.

Apesar do impacto negativo na taxa de inflação nos próximos meses, Donadai avalia que a redução das tarifas está longe de refletir no resultado do ano. O problema é que mesmo essa perspectiva menor de inflação no curto prazo, há a preocupação muito maior do efeito da depreciação do real (...). Não podemos nos iludir com perspectiva de inflação menor em junho e julho para os próximos meses. Ela acaba aí (...). A preocupação vai muito mais além para o final do ano por essa preocupação do efeito da depreciação cambial, avalia.

Adriana, da Tendências, explica que o momento é de volatilidade no dólar e que há risco de impacto na inflação caso o real comece a desvalorizar muito mais nos próximos meses. A gente está em momento de muita volatilidade. Ela citou outros fatores, como demanda interna desaquecida, que podem ajudar no impacto para baixo do IPCA.

A moeda norte-americana fechou esta quinta-feira cotada a R$ 2,258, alta de 1,69%. Esta é a maior cotação de fechamento desde o dia 1.º de abril de 2009, quando a moeda estava cotada a R$ 2,281 para a venda.

 

 

Fonte: G1


Data: 21/06/2013 às 08h32
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