O Brasil tem mais de US$ 350 bilhões nas reservas internacionais. É bastante dinheiro para vender no mercado de câmbio para enfrentar a alta da moeda americana. Mas se desfazer dessas reservas não vai resolver o problema de confiança sobre a economia brasileira, nem impedir o movimento de recuperação da economia americana ? que promove o fortalecimento do dólar.
Como tem acontecido desde a semana passada, a maioria dos países emergentes está sofrendo com elevação da divisa americana. Há uma forte movimentação de saída dos investidores das posições tomadas nas economias emergentes. Estão todos de olho na recuperação da economia americana, que tem se mostrado bem mais real.
A mesma agência de classificação de risco que nos deu uma alerta negativo na semana passada, a Standard and Poor1s, resolveu levantar uma bandeira de aprovação das contas públicas dos Estados Unidos. Funcionou como um atestado de qualidade dos fundamentos da maior economia do mundo ? mais uma alavanca de valorização do dólar.
Se lá na América do Norte os fundamentos estão se mostrando mais positivos e sólidos, aqui na parte que nos cabe do continente a coisa não anda assim tão boa. O governo já tirou o IOF cobrado dos estrangeiros e agora queima reservas para amenizar a agitação do mercado de câmbio. Não foi e parece que não será suficiente para manter no Brasil quem ainda não quer sair correndo para os títulos americanos.
?Tem que melhorar nos fundamentos. E agora, só um aperto fiscal pode mostrar a disposição do governo em fazer isso. Se ele fizer, ou com mais corte de gastos, ou se comprometendo com uma meta de superávit primário mais alta, ele pode mudar a percepção sobre o país?, disse ao G1 um experiente operador de câmbio no Brasil.
Ora, mas o BC não está subindo os juros, prometendo mais, se colocando pronto para o combate à inflação? Sim, mas o BC é só parte da ?casa?. Para deixar tudo com cara de arrumado, não dá para esquecer da sala, da cozinha, dos quartos, da entrada e também dos fundos. Até porque, o dólar mais caro é capaz de dar uma boa desarrumada no cômodo do BC ? pressionando os preços internos que dependem de importação e segurando os índices em alta por mais tempo.
Sem falar no PIB, grande provedor dessa ?morada?. Ele já não promete tanta novidade para este ano e as frustrações com os resultados até agora desanimam a vinda das ?visitas? tão esperadas para estimular o país a arrumar a casa: os investidores.
Por Thaís Herédia/G1 Economia