Dólar volta a cair e já está no nível pré-crise
Compartilhar:

O dólar voltou para o nível em que se encontrava antes do estouro da crise econômica mundial. A moeda americana encerrou a quinta-feira valendo R$ 1,692, menor valor desde 3 de setembro de 2008, 12 dias antes da quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers.

Nas últimas semanas, a pressão pela valorização do real veio de todos os lados: tendência global de desvalorização do dólar, capitalização da Petrobrás e emissões recordes de empresas brasileiras no exterior, entre outros fatores.

A situação preocupa o governo por causa do impacto negativo que o real mais forte provoca nas exportações brasileiras, sobretudo de bens manufaturados. Além de preparar medidas para tentar conter a tendência (que só devem ser anunciadas após o primeiro turno das eleições), autoridades têm reclamado da postura das nações desenvolvidas. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, classificou o atual momento do mercado de câmbio global como uma guerra.

Ontem, foi a vez de o presidente do Banco Central - BC -, Henrique Meirelles, criticar os países desenvolvidos, que têm procurado manter suas moedas fracas para estimular as exportações e, com isso, alavancar o crescimento econômico.

Nós não podemos simplesmente permitir que as nossas economias sejam desequilibradas enquanto permitimos que outras economias sejam equilibradas, afirmou, em Londres.

Ele se referia a medidas de expansão monetária promovidas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que têm como efeito colateral a desvalorização do dólar em relação a outras moedas.

Nos bastidores, porém, integrantes de alto escalão do governo admitem que, na atual conjuntura, é impossível brecar a valorização do real. Só é factível amenizá-la. Em primeiro lugar, por causa do movimento dos investidores globais em busca de maior rentabilidade nos países que mais crescem hoje, justamente os emergentes.

Em segundo, porque o Brasil precisa financiar, nos próximos anos, pesados investimentos. Como não dispõe de recursos suficientes internos - porque nem o governo nem o setor privado têm poupança para tanto -, precisa importar capital.

Quando importa capital, um efeito colateral é a valorização do real. Foi o que ocorreu em setembro, antes, durante e depois da megacapitalização da Petrobrás, que trouxe para o País quase US$ 25 bilhões.

A economista-sênior para América Latina do RBS, Zeina Latif, projeta um dólar a R$ 1,75 no fim deste ano e R$ 1,85 no fim do ano que vem. Segundo ela, apesar dos fluxos provavelmente positivos para o Brasil nos próximos anos, o real deve se desvalorizar por causa do forte crescimento do déficit em conta corrente (que mede as relações de uma nação com o exterior e inclui, por exemplo, balança comercial e de serviços).

O próprio Banco Central divulgou recentemente que projeta um rombo recorde de US$ 60 bilhões na conta corrente no ano que vem, o equivalente a 2,8% do Produto Interno Bruto - PIB.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Data: 01/10/2010 às 10h42
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o crcse.org.br, você concorda com a Política de Privacidade e a Política de Cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de Cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.