?[O nível das represas] dá completa tranquilidade [para iniciar o desligamento das térmicas]. Nós imaginávamos que chegaríamos ao final do período chuvoso com 50% a 55% de armazenamento nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, mas chegamos com 63%, muito além do que esperávamos?, disse Lobão, em entrevista exclusiva ao G1.
Reportagem do G1 publicada na quinta-feira mostrou que os reservatórios das usinas chegaram ao fim do período chuvoso com o nível mais baixo desde 2001.
De acordo com o ministro, o desligamento das térmicas será debatido no próximo encontro do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), marcado para a quarta-feira (8). O CMSE reúne autoridades do setor e define medidas para garantir a segurança energética no país.
Lobão adiantou, porém, que a avaliação dentro do governo é que as chuvas dos últimos meses asseguraram o fornecimento de energia no país e, por isso, não é mais preciso manter todas as usinas termelétricas funcionando, como vem acontecendo desde outubro de 2012.
Ele apontou que em algumas hidrelétricas, como Tucuruí, o nível do reservatório está tão alto que é necessário verter água. Já a usina de Itaipu está batendo recorde de produção de energia.
?Na próxima reunião do CMSE pretendemos examinar o desligamento de algumas térmicas porque não é mais necessário [manter todas funcionando]. Eu acho isso e o Operador do Sistema [ONS] também acha?, disse.
Apesar disso, o governo deve manter boa parte das térmicas ligadas, em especial aquelas que usam combustível mais barato (como as movidas a gás). Devem ser desligadas, por exemplo, as movidas a óleo, que têm custo de operação mais alto.
Nível dos reservatórios
As chuvas dos últimos dois meses melhoraram a situação dos reservatórios das hidrelétricas do país, mas não foram suficientes para impedir que eles chegassem ao fim do período chuvoso com o nível mais baixo desde 2001, ano em que o governo brasileiro decretou o racionamento de energia.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as represas de hidrelétricas do sistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70% da energia que abastece o Brasil, chegaram ao final de abril (dia 30) com 62,4% de armazenamento de água.
Apesar de ser o nível mais baixo dos últimos 12 anos, ele é quase o dobro do registrado em abril de 2001, pouco antes do início do racionamento, quando os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste tinham apenas 32,18% da água que eram capazes de armazenar.
Entretanto, o nível do final de abril de 2013 é 18% mais baixo que o verificado na mesma época do ano passado (76,09%). Desde 2003, os reservatórios daquele sistema não chegavam ao início do período seco, quando as chuvas diminuem na maior parte do país, com volume de água abaixo de 70%.
O sistema Nordeste, segundo mais importante do país, chegou ao dia 30 de abril em situação mais complicada: o nível médio das represas era de 48,8%, bem mais próximo ao registrado na região em 2001 (33,13%).
Nós últimos meses, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, veio a público negar o risco de novo racionamento ou falta de energia no país em 2013 ou em 2014, ano em que o Brasil sedia a Copa. No mês passado, o ministro convocou entrevista para rebater reportagens e criticou o ?tom alarmista? adotado pela imprensa na cobertura desse assunto.
Termelétricas
Por conta do baixo nível dos reservatórios, desde outubro de 2012 o Brasil mantém todas as usinas termelétricas disponíveis funcionando. No dia 30 de abril, elas eram responsáveis por gerar 11.347 MW médios, 18,31% de toda a energia produzida no país. O governo aguardava a situação dos reservatórios ao fim do período chuvoso para definir se as térmicas permanecem ligadas pelo restante do ano ou não.
O problema de manter as termelétricas ligadas por mais tempo é que o preço da energia sobe. Essas usinas usam combustível, como carvão, gás e óleo, e o custo acaba sendo pago pelos consumidores. Neste ano, essa conta já supera os R$ 2 bilhões.
No início de 2013, o governo adotou medidas para reduzir o impacto do uso das térmicas na conta de luz. Uma delas foi socorrer as distribuidoras de energia, que assumem o custo adicional das termelétricas no primeiro momento. Para isso, usou recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um fundo que financia programas do setor.
Além disso, resolveu parcelar, em 5 anos, o repasse dessa conta aos consumidores. E alterou o rateio dessas despesas: reduziu a parcela que recai sobre consumidores residenciais e empresas, e incluiu no custeio os comercializadores e geradores de energia.
Fonte: G1