A discussão sobre o rumo dos juros no Brasil nunca foi esporte nacional, mas a temperatura do tema varia de acordo com o andar da inflação. O clima atual é de quentura, já que os preços estão em alta e testando os limites da meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central ? 4,5% ao ano.
Neste clima, fazia tempo que uma reunião do Comitê de Política Monetária não era tão esperada. Pois ela é o destaque da semana no cenário econômico do país. Em dois dias de encontro, (terça e quarta-feira) os diretores do BC vão fazer uma leitura praticamente completa de tudo que se passou nos últimos 45 dias, rodar modelos técnicos projetando o comportamento dos principais indicadores econômicos para, então, decidir o que fazer com a taxa básica de juros.
Os juros estão em 7,25% ao ano há quase 5 meses, a menor taxa da nossa história, mas há uma pressão muito forte para que voltem a subir. Esse seria o melhor remédio para conter a pressão inflacionária que assombra a economia desde o ano passado, segundo uma quase unanimidade entre economistas e outros públicos.
Só vamos conhecer a dose do remédio receitado pelo BC na quarta-feira à noite, quando terminará a terceira reunião do Copom deste ano. O ?mercado? está um pouco dividido sobre o resultado. Muita gente aposta numa alta, mesmo que pequena ? de 0,25%, esta semana. Mas há quem acredite que a dose pode ser ainda mais forte, uma alta ousada de 0,50%. O mercado de juros futuros indica um ?meio de caminho? entre uma e outra decisão.
Ao acordar na quinta-feira, o presidente do BC Alexandre Tombini e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estarão juntos na capital americana, Washington. Eles vão participar da reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI). Aproveitam para irem também ao encontro de ministros e presidentes de BC?s do G-20.
Entre os parceiros das maiores economias do mundo, Tombini e Mantega verão de camarote a discussão entre japoneses, europeus e americanos. O tema será a guerra cambial que o trio enfrenta por causa da desvalorização da moeda do Japão ? de cerca de 30% nos últimos meses contra o dólar. Contra o euro, o iene já caiu mais de 35%.
A viagem poderá ser no mínimo curiosa, dependendo do resultado da reunião do Copom. Se gostar da decisão sobre os juros, Guido Mantega deve aparecer sorrindo e mais relaxado nas fotos oficiais. Se não gostar, pode ser que Alexandre Tombini revele algum desconforto num sorriso amarelado, com o excesso de palpites e pitacos no seu trabalho.
Fonte: blog Os Caminhos da Economia