BC independente é arma contra inflação, diz FMI
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Essa é uma discussão pouco equilibrada no Brasil ? temos ou não um Banco Central independente? Por direito, não temos. Não há nenhuma lei ou impedimento para que o presidente da República demita quem estiver no comando da política monetária, se assim o desejar. A única formalidade existente é a aprovação, por parte do Senado Federal, dos nomes apontados pela Presidência da República para assumirem os postos no BC.

Quer-se crer no país que temos um BC independente, mesmo que informalmente. Quando Alexandre Tombini estreou no cargo de presidente da autarquia em janeiro de 2011, ele não vinha de uma grande instituição privada ou era um nome nacionalmente conhecido. Mas sua experiência e competência técnica reconhecidas deram a ele uma credibilidade de iniciante.

Ela durou até agosto de 2011, quando o BC surpreendeu a todos baixando os juros, num movimento que durou mais de um ano, até a taxa Selic chegar a 7,25% ao ano, onde está até agora. Desde então, paira a pergunta no ar: qual o grau de independência de Tombini e sua equipe para escolher a melhor estratégia de combate à inflação? Nos últimos meses, com os preços acima do esperado, a quantidade de intervenções do governo e um discurso confuso sobre a condução da política econômica a dúvida só fez aumentar.

?Poucas vezes se teve tanta dúvida quanto o mercado tem hoje . Aliás, já é mais amplo do que o mercado financeiro. A população também começa a se questionar sobre a independência do BC para controlar a inflação. É inequívoco o custo que o país pode pagar num ambiente desses?, avalia o economista de uma consultoria no país.

É sobre esse custo que alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI), num estudo sobre a importância da independência dos BCs no controle da inflação. ?O cachorro que não late. A inflação está de focinheira ou está só dormindo??, é o título do documento.

?Preservar a independência do Banco Central é a chave para ancorar as expectativas sobre a inflação e, assim, a inflação. As experiências dos Estados Unidos e da Alemanha nos anos 1970 servem como um importante lembrete sobre os riscos decorrentes da pressão política e independência limitada do BC?, diz estudo liderado pelo economista Jonh Simon.

Nos anos 70, os EUA não deixaram o Fed trabalhar para segurar a inflação ? queriam baixar o desemprego a qualquer custo. Os alemães seguiram a cartilha mais à risca e são considerados os bons exemplos da época. O economista do FMI diz que a inflação nos países desenvolvidos no pós-crise de 2008 está se comportando como ?um cachorro que não late?. Mas isso é bom ou mau sinal? Por isso a pergunta do título.

Aqui no Brasil, diferentemente dos americanos nos anos 70, não queremos baixar o desemprego, queremos fazer a economia crescer e, ?até que se prove o contrário?, a qualquer custo. Certamente a inflação brasileira não está dormindo. Enquanto a discussão sobre a independência do BC se arrasta, o tomate assume o papel de líder do movimento inflacionário no país. A boa notícia é que, para nossa sorte, cachorro não come tomate.

 

 

Fonte: G1


Data: 10/04/2013 às 09h19
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