Lobão convocou coletiva na sede do MME para rebater reportagens publicadas na imprensa que apontaram risco de desabastecimento de energia por conta de atraso em obras no setor elétrico.
No início do ano, o ministro já tinha vindo a público para negar risco de racionamento devido à queda no nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, provocada pela falta de chuva. Entre o final de 2012 e início de 2013, a situação média dos reservatórios era semelhante à verificada no período anterior ao anúncio do racionamento de 2001.
?Anuncia-se um racionamento para 2014 e mais uma vez estão equivocados. Não há risco de racionamento ou de falta de energia no Brasil. Não existe risco de desabastecimento durante a Copa das Confederações [neste ano] nem durante a Copa do Mundo no próximo ano?, disse Lobão.
Reservatórios
O ministro apontou que a chuva dos últimos meses levou a uma melhora significativa no nível dos reservatórios das hidrelétricas. Ele citou o exemplo de Furnas, que em janeiro tinha 12% de água em sua represa mas, agora, está com 65,5%.
Além da chuva, essa recuperação foi possível por conta do acionamento das usinas termelétricas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Desde outubro de 2012, todas as térmicas disponíveis estão funcionando para ajudar os reservatórios a encher.
Lobão criticou o ?tom alarmista? com que o tema vem sendo tratado na imprensa. De acordo com ele, atrasos em obras sempre existiram e vão continuar a acontecer, mas o governo trabalha com ?gordura? no sistema elétrico justamente para evitar que esses problemas tragam risco de faltar energia.
?Lamento profundamente o tom alarmista com que esse assunto vem sendo tratado. Não quero crer que haja nisso qualquer motivação política. Mas o fato é que com isso desassossega-se o país e geram-se incertezas econômicas?, disse.
País tem sobra de energia, diz EPE
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, disse que o país tem hoje uma sobra de energia de 1.773 megawatts (MW) médios. Em 2014, disse ele, esse valor deve dobrar.
?No Brasil, se planeja com folga, se contrata mais [geração de energia] do que o necessário, justamente para os atrasos não comerem a gordura que a gente tem no setor?, disse Tolmasquim.
?Podemos passar tranquilamente por esse período porque temos um conjunto de térmicas que podem ser operadas?, afirmou o presidente da EPE. ?Estamos numa situação estruturalmente confortável.?
Desligamento das térmicas
O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse que o governo avalia mensalmente a necessidade de manter as usinas termelétricas em operação para ajudar na recuperação dos reservatórios de hidrelétricas.
Se essa recuperação se mantiver, no final de abril o governo pode decidir por desligar pelo menos parte das térmicas, o que vai contribuir para reduzir o valor da energia produzida no país. As usinas térmicas usam combustível ? óleo, gás natural, entre outros ? para gerar energia, e o custo alto da compra desses insumos acabar por encarecer a geração.
Fonte: G1