As desonerações de folha de pagamentos, iniciadas em dezembro de 2011, têm sido avaliadas de maneiras diversas entre os mais de 40 setores beneficiados. Até companhias do mesmo ramo sofrem impactos diferentes, dependendo do
faturamento, da maior ou menor automatização e do volume de mão de obra terceirizada. A desoneração substitui a contribuição patronal de 20% sobre a folha de salários pelo pagamento de 1% ou 2% sobre o faturamento. Em 2013, deve responder por uma renúncia fiscal do governo de R$ 12,83 bilhões.
Os setores de varejo e construção, que entram no novo regime no dia 1º, estão divididos e gostariam que a adesão fosse facultativa, possibilidade negada pelo governo. Para os fabricantes de vidro para a construção civil e eletrodomésticos da linha branca, desonerados desde setembro, o impacto foi zero. Essas companhias têm capital intensivo, são bastante automatizadas e, por isso, não têm uma folha de pagamentos pesada. Já companhias que utilizam mais mão de obra, como aquelas que produzem insumos para o setor de cosméticos e farmacêutico, sentiram grande impacto. Algumas estimam que farão uma economia de milhões de reais.
As entidades representativas do setor de tecnologia da informação, um dos primeiros desonerados, mantêm avaliações discrepantes. A Brasscom, que tem entre os associados empresas como Google e Cisco, entende que a medida continua sendo muito positiva e informa que 70% dos custos do setor são de mão de obra. A Seprosp, que reúne microempresas de processamento de dados, considera que boa parte das companhias perdeu com a mudança.
O comércio varejista, que começa a operar sob o regime de desoneração a partir de abril, também está dissonante.
Submetidos à desoneração há mais de um ano, os setores calçadista, têxtil e de vestuário têm conseguido ampliar produção, contratações e exportações. O saldo de vagas formais criadas pela indústria têxtil em janeiro e fevereiro, comparado com o resultado do mesmo período de 2012, foi quase 160% maior.