Classe C é 50% da população e eleitora decisiva, diz estudo da FGV
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A classe C, também chamada de nova classe média, somou 94,9 milhões de pessoas em 2009 e chegou a 50,5% da população, de acordo com a pesquisa “A Nova Classe Média: O lado brilhante dos pobres”, divulgada nesta sexta-feira, 10, pela Fundação Getúlio Vargas - FGV -, e feita com base em dados da última Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio - PNAD.

Em 2008, essa fatia de renda representava 49,2%. Segundo o estudo coordenado pelo professor Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais - CPS -, da FGV, cerca de 29 milhões de pessoas entraram para a classe C entre 2003 e 2009.

“Isso significa que a nova classe média poderia sozinha decidir um pleito eleitoral, diz Neri. Complementarmente, esta também é a classe dominante do ponto de vista econômico”, diz Néri no documento.

Conforme o pesquisador, a classe C concentrava mais de 46,24% do poder de compra dos brasileiros no ano passado, contra o percentual de 45,66% em 2008.

Para ele, a expansão econômica é baseada em melhres condições de trabalho e renda do brasileiro do que na expansão do crédito.

O crédito é importante mas não é o protagonista desse crescimento, é o coadjuvante. O Brasil teve duas grandes estabilizações, a primeira do Real em 1994 e a segunda do real do Lula, que foi o choque de confiança na economia, mostrou que não ia quebrar contratos firmados, e tirou o bode da sala. O trabalho e a educação do brasileiro ainda estão muito ruins, mas melhoraram, afirmou Neri.

A parcela é maior que a das classes AB, que detinham no ano passado 44,12% do total poder de compra.

A “base da pirâmide” social, formada pelas classes D e E, também encolheu de 2003 para 2009: de 96,2 milhões para 73,2 milhões , “sendo 2 milhões no ano da crise internacional. Isso significa que, nas últimas sete PNADs, mais de meia população do Reino Unido foi incorporada às classes ABC”, afirma Neri.

No estudo, o especialista comparou ainda o crescimento do Brasil ao dos países ao de outros  BRICs, como a China. Embora a taxa de expansão brasileira seja bem menor, tem qualidade superior. A qualidade do crescimento brasileiro é indiscutivelmente melhor que a da China em vários aspectos: melhor tratamento do meio ambiente e do trabalho juntamente com a igualdade crescente, diz.

MAIS RENDA
O estudo da FGV identificou ainda que o crescimento do país nos últimos anos está mais baseado em geração de renda do que em consumo. Enquanto o índice sintético de potencial de consumo aumentou 22,6% entre 2003 e 2008, o índice de geração de renda subiu 31,2%. Para Neri, isso indica a sustentabilidade do crescimento.

Está prosperando mais o lado trabalhador do que o lado consumidor, afirmou. Com isso, as empresas devem estar contentes, pois as pessoas vão poder continuar comprando.

De acordo com o responsável pela pesquisa, não é só crédito e programas sociais (a razão do crescimento da renda) - o Brasil foi para a escola nos anos 90, conseguiu trabalho com carteira assinada, está contribuindo para a Previdência, está investindo em computadores, comentou.


Data: 10/09/2010 às 05h30
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