Os economistas do mercado financeiro deixaram de acreditar que ainda haverá um novo corte de juros neste ano, segundo o relatório de mercado, também conhecido como boletim Focus, que foi divulgado nesta segunda-feira (24) pelo Banco Central. O documento é fruto de pesquisa da autoridade monetária com mais de 100 instituições financeiras do país.
Até o momento, o mercado financeiro vinha acreditando que o Banco Central promoveria uma nova redução na taxa básica de juros, atualmente em 7,5% ao ano (mínima histórica) no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), previsto para outubro. Na semana passada, conforme divulgação feita nesta segunda-feira pelo BC, os analistas das instituições financeiras abandonaram esta convicção, e passaram a prever juros estáveis até o fim de 2012. Para o fim de 2013, por sua vez, a previsão dos bancos para a taxa básica de juros permaneceu em 8,25% ao ano - o que pressupõe aumento no decorrer do próximo ano.
Na ata da última reunião do Copom, em agosto, o BC informou que um ajuste adicional nas condições monetárias (cortes de juros), se vier a acontecer, seria conduzido com máxima parcimônia. Com isso, indicou que o processo de redução dos juros básicos da economia, que vem sendo implementado desde agosto do ano passado (nove cortes consecutivos nos juros) poderia ser interrompido - ou que o próximo corte poderia ser de menor intensidade (0,25 ponto percentual).
Inflação
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC busca trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% neste ano, visto que, em 2011, a inflação ficou em 6,5% – no teto do sistema de metas.
Segundo o BC, o mercado financeiro elevou, na semana passada, sua previsão de inflação para 2012. A expectativa subiu pela décima primeira vez consecutiva, passando de 5,26% para 5,35%, distanciando-se, assim, da meta central para este ano. Para 2013, a previsão dos analistas para o IPCA permaneceu estável em 5,50%.
Crescimento do PIB
A estimativa do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, por sua vez, permaneceu estável em 1,57% na última semana. Para 2013, a previsão dos analistas do mercado permaneceu em 4% de expansão.
Se confirmado, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano será o pior desde 2009, quando o país sentia os efeitos da primeira etapa da crise financeira internacional. Naquela ocasião, o PIB registrou retração de 0,3%. No último dia 30, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que o PIB cresceu 0,4% no segundo trimestre, acumulando alta de 0,6% até o meio do ano, na comparação com o mesmo período de 2011.
Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2012 ficou estável em R$ 2 por dólar. Para o fechamento de 2013, a estimativa permaneceu inalterada também em R$ 2 por dólar.
A projeção dos economistas do mercado financeiro para o superávit da balança comercial (exportações menos importações) em 2012 permaneceu inalterada em US$ 18 bilhões na semana passada. Para 2013, a previsão do mercado para o saldo positivo da balança comercial brasileira subiu de US$ 14,40 bilhões para US$ 14,48 bilhões.
Para 2012, a projeção de entrada de investimentos no Brasil avançou de US$ 55 bilhões para US$ 56 bilhões. Para 2013, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros subiu de US$ 58 bilhões para US$ 59 bilhões na última semana.
Fonte: G1 Economia