Em busca de negócios atípicos na internet, investidores apostam no Brasil
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No ano passado, Haroldo Korte, sócio dessa empresa de capital de risco, dirigiu 480 km pelo interior paulista para encontrar Paulo Biancalana, um empreendedor local que havia transformado uma loja de autopeças em uma próspera empresa na internet.

Trabalhando num imóvel caindo aos pedaços, ele se tornou o maior vendedor brasileiro do site Mercado Livre e criou a Connect Parts --juntas, as duas coisas lhe rendem um faturamento anual de US$ 10 milhões.

Biancalana inicialmente ficou desconfiado dos investidores estrangeiros. Após meia dúzia de reuniões, a Atomico investiu US$ 7,5 milhões na start-up, que agora também está sendo cortejada por outras firmas de investimentos.

Todas as condições estavam contra ele, disse Korte. Então eu disse: temos alguém e alguma coisa especiais aqui.


Com o aquecimento da concorrência entre empresas da internet, a Atomico --criada em 2006 por um cofundador do Skype, Niklas Zennstrom-- procura investimentos atípicos.

A firma londrina valoriza empreendedores que tiveram sucesso fora do Vale do Silício, na Califórnia.

Três quartos das empresas da Atomico ficam fora dos EUA, incluindo a 6Wunderkinder, desenvolvedora de aplicativos de Berlim, e a finlandesa Rovio, criadora de Angry Birds e de outros games. Ela já investiu na Argentina e no Uruguai.

A Atomico procura start-ups lucrativas e enxutas, que ainda não tenham atraído capital de risco.

Passamos bastante tempo na China, mas já vimos muitos investidores ocidentais por lá, disse Zennstrom.

Em 2010, a Atomico abriu uma filial em São Paulo e contratou Korte e Carlos Pires, que antes haviam dirigido o Skype no Brasil. Um sócio da Atomico, Geoffrey Prentice, primeiro funcionário do Skype, também se instalou lá.

A Atomico concorre com grandalhões do Vale do Silício, que têm mais dinheiro e histórico de investimentos.

A Atomico captou apenas US$ 165 milhões para o seu segundo fundo global, bem menos do que sua meta de US$ 266 milhões.

Em dezembro, a empresa investiu US$ 3 milhões na paulistana Bebê Store, apostando na forte demanda on-line por produtos para bebês.

Eu não queria investidor nenhum, disse Leonardo Simão, que criou a Bebê Store em 2009, com a mulher. Ele queria ter o controle para manter um crescimento confortável, sem interferências.

Recentemente, a Atomico incentivou Simão a ampliar agressivamente seu negócio, por causa da crescente concorrência. Simão já havia escutado muitas vezes para ser conservador e não perder dinheiro, disse Prentice.

Ninguém tinha lhe dado a confiança de que ele podia [assumir o risco], acrescentou. É isso que levamos de importante para a mesa.

 
 
Fonte: New York Times / por Folha UOL
Escrito por: Vinod Sreeharsha

Data: 26/04/2012 às 09h09
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