Empreendedor individual ganha espaço no mercado formal e lota o Sebrae
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O impacto causado pelo aumento expressivo da formalização de empreendedores individuais, aliado ao crescimento no volume de pequenas e médias empresas, impôs ao Sebrae profunda reestruturação interna para atender uma nova demanda.
Em menos de dois anos, a Lei do Empreendedor Individual já levou nada menos que 2,2 milhões de pessoas para o mercado formal. São profissionais como manicures, pedreiros, pintores e costureiras que, apesar do espírito empreendedor, necessitam de todo tipo de informação, desde caminhos para melhorar seu negócio, até informações mais técnicas a respeito de impostos, leis etc.
Para o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, isso é só o começo. A instituição tem registrado em média 4.500 formalizações por dia. Até 2014, a estimativa é chegar a 4 milhões de formalizações. São clientes que a gente não tinha. Por isso temos feito pesquisas para ter um retrato preciso desse público e de suas necessidades, diz.
O meio eletrônico passou a ser uma ferramenta crucial na disseminação dos cursos do Sebrae. No ano passado, a instituição realizou 1,4 milhão de atendimentos a empresas. Desse total, mais de 30% foram feitos por meio da internet. Com a popularização da rede de computadores, a tendência é que esse volume aumente. Para este ano, o Sebrae projeta crescimento de 20% na taxa geral de atendimento ao empreendedor.
O celular é outro instrumento que tem vocação para se tornar um instrumento de apoio à instituição. O Sebrae conclui um piloto com 20 mil empreendedores individuais que tiveram acesso, por telefone, a conteúdos com cursos de noções de venda, gestão empresarial, agenda de impostos, entre outros.
Foi um sucesso. Estamos aprimorando essa ferramenta para que ela seja massificada, diz Barretto, acrescentando que o meio eletrônico, no entanto, não resolve tudo. Ele não funciona, por exemplo, para o empreendedor individual, que ainda não está dentro do mundo digital. Por isso, é muito importante o trabalho do consultor in loco, prestando serviço.
O Sebrae tem hoje 5.000 funcionários em todo o país. Além disso, conta com o apoio de 8.000 consultores, que são colaboradores eventuais.
Os desafios dessa nova realidade empresarial do Brasil serão debatidos nesta semana, durante o Seminário Internacional sobre Pequenos Negócios, realizado pelo Sebrae. O evento, que acontece entre os dias 18 e 20 de abril no hotel Grand Hyatt, em São Paulo, terá entre os palestrantes o prêmio Nobel de Economia Paul Krugman e o ex-ministro Delfim Netto. O seminário contará com a presença de cerca de 300 convidados, entre representantes do poder público, acadêmicos, empresários, instituições de apoio aos pequenos negócios e convidados da instituição.
Nos três dias do evento, serão realizadas cinco mesas temáticas. A proposta é fazer um diagnóstico dos pequenos negócios no atual cenário mundial e das oportunidades de mercado criadas com o aumento da classe média. As discussões também devem passar por temas como ambiente legal, sustentabilidade e inovação. Os debates vão ajudar a consolidar o direcionamento estratégico que norteará as ações do Sebrae nos próximos dez anos, diz Barretto.
O Brasil tem 6,2 milhões de micro e pequenas empresas. Na categoria das microempresas, estão aquelas com receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360 mil. Entre as pequenas se enquadram aquelas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões por ano. Na categoria do empreendedor individual, estão aqueles que têm até um funcionário - além do empresário - e receita bruta anual de até R$ 60 mil.
A saúde das micro e pequenas empresas ditam os rumos da economia do país. Hoje, elas representam 99% de todas as empresas brasileiras e respondem por 52% de todos os empregos formais.
Com a melhora do cenário econômico do país e a abertura de caminhos para atrair a formalização do empreendedor, a vocação para investir no próprio negócio tem encorajado mais pessoas. De acordo com pesquisa encomendada pelo Sebrae, em 2002 apenas 6% das pessoas que resolveram abrir um negócio próprio o fizeram por senso de oportunidade. Em 2010, essa visão saltou para 12%. No mesmo período, as iniciativas motivadas por senso de necessidade caíram de 7% para 5% dos entrevistados.
Por trás desse movimento está a mudança na pirâmide de classes da população ao longo dos anos. Cerca de 40 milhões de pessoas entraram na classe C entre 2004 e 2011. Outros 12,5 milhões devem migrar para a classe média entre 2012 e 2014, segundo o economista Marcelo Neri, PhD em economia pela Universidade de Princeton e chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV). Neri é um dos palestrantes do seminário do Sebrae, que também contará com a presença de Renato Meirelles, do Data Popular, e Romero Rodrigues, do BuscaPé.


Fonte: Valor Econômico


Data: 17/04/2012 às 07h37
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