Banco Central decide hoje valor da taxa básica de juros
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O Copom (Comitê de Política Monetária) decide nesta quarta-feira (7) o futuro da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,5% ao ano. Formado pelos diretores do BC (Banco Central), o colegiado iniciou as avaliações sobre o cenário econômico brasileiro atual na última terça-feira (6).

De acordo com os analistas de mercado, a previsão é que ocorra mais uma redução na taxa, uma vez que o próprio Copom indicou na última reunião, realizada em janeiro, que o ciclo de ajuste na Selic continuaria. O tamanho desse corte é que ainda não está definido.

A maioria dos analistas aposta em uma redução de 0,5 ponto percentual, para 10% ao ano. Esse ajuste daria prosseguimento a um ciclo que começou em julho do ano passado e já marcou quatro tesouradas na Selic do mesmo tamanho. Esta seria a quinta.

Contudo, diante de novos números da economia que foram divulgados durante a semana, já há outra parcela de financistas que começa a apostar em uma redução ainda maior, na casa dos 0,75 ponto percentual. Dessa forma, a Selic chegaria a 9,75% ao ano, marcando uma nova fase com a taxa básica na casa de um dígito – algo que o Brasil viu pela última vez em abril de 2010.

Um dos motivos para um corte deste tamanho está nas recentes medidas que o governo vem tomando para controlar a cotação do dólar, que fechou a terça-feira (6) em R$ 1,76. Como o Banco Central já mostrou que não está disposto a ver o dólar barato, analistas acreditam que um corte maior na Selic desestimularia a aplicação de investidores estrangeiros no Brasil, que são atraídos pela alta rentabilidade promovida pelos juros altos.

Outros números da economia também dão indícios de que o Copom pode ser mais agressivo. De acordo com o boletim semanal Focus, uma pesquisa feita pelo BC junto a analistas e bancos, a projeção de inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi mantida em 5,24%, em 2012. O IPCA serve como medidor oficial da inflação. Houve ainda a manutenção da projeção da Selic para o final de 2012 em 9,5% ao ano.

Já a estimativa de crescimento da economia este ano, nas projeções do mercado financeiro, permanece em 3,3%. A projeção para a expansão da produção industrial subiu de 2,6% para 2,77%.

Com números tão favoráveis, alguns analistas chegaram a projetar uma redução ainda maior da Selic. Bancos divulgaram informes a seus investidores prevendo uma queda de 1 ponto percentual, para 9,5% ao ano, e até mesmo de 1,5 ponto percentual, para 9% ao ano. Esses cenários, no entanto, são encarados pela maioria do mercado como difíceis de ocorrer.

Política

O cenário de redução dos juros chegou, inclusive, a causar um mal-estar dentro do governo. No domingo (4), o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que a Selic vem em uma trajetória de queda e que na reunião desta semana do Copom essa trajetória irá se confirmar.

- Vamos ter mais uma reunião do Copom, na qual vamos ter uma queda moderada, mas vamos ter uma queda.

A presidenta Dilma Rousseff, que está na Alemanha, foi obrigada a desautorizar as declarações de Garcia e afirmou que cabe apenas ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falar sobre política de juros.

- Quem fala de juros no meu governo é o Banco Central, Alexandre Tombini, nem eu nem ninguém tem autorização para falar sobre juros.

Selic

A Selic é chamada de taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como um piso para a formação dos demais juros cobrados no mercado, que são influenciados também por outros fatores, como o risco de quem pegou o dinheiro emprestado não pagar a dívida.

Ela é usada nos empréstimos interbancários (entre bancos) e nas aplicações que os bancos fazem em títulos públicos federais. É a partir da Selic que as instituições financeiras definem também quanto vão pagar de juros nas aplicações dos seus clientes.

Ou seja, a taxa básica é o que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos, a um custo muito mais alto. Por isso, os juros que os bancos cobram dos clientes é superior à Selic.

Copom

A reunião do Copom é dividida em dois dias. No primeiro, realizado ontem, os chefes de departamento do BC e o gerente-executivo de Relações com Investidores apresentam análises sobre a inflação, nível de atividade econômica do país e evolução do mercado financeiro.

No segundo dia, participam apenas o presidente e os diretores do BC, todos com direito a voto, além do chefe do Depep (Departamento de Estudos e Pesquisas), sem voto. Os diretores de Política Monetária e de Política Econômica analisam as projeções para a inflação e fazem recomendações para a taxa de juros de curto prazo, em seguida todos os diretores se manifestam e apresentam eventuais propostas alternativas.

Criado em junho de 1996, o Copom tem o objetivo de estabelecer as diretrizes de política monetária e de definir a taxa de juros, nos mesmos moldes do Fed (Federal Reserve, o BC americano).

 

Fonte: R7


Data: 07/03/2012 às 08h54
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