Um bom
planejamento fiscal pode aumentar a rentabilidade das aplicações. A elaboração de um fundo de investimento exclusivo, por exemplo, no qual o pagamento do Imposto de Renda é feito apenas na hora do saque, é uma das maneiras de ter uma tributação mais favorável.
A vantagem na rentabilidade possibilitada pela diferença da época do pagamento do IR ocorre porque, em um fundo normal, o tributo é debitado semestralmente - o chamado come cotas. No caso do fundo exclusivo, tributado ao final do investimento, como o come cotas não ocorre, o dinheiro que iria para o Leão fica na aplicação rendendo.Francisco da Costa Carvalho, da Lecca Investimentos, colocou as rentabilidades de um fundo de varejo e um exclusivo na ponta do lápis para mostrar a vantagem. Quanto mais tempo o investimento for mantido, maior fica a diferença das rentabilidades, disse Carvalho, antes de mostrar os resultados da simulação.O especialista em investimentos afirma que, após cinco anos do início do investimento, o resultado da aplicação é 9% maior em um fundo exclusivo. Depois de 10 anos, a diferença é de 24%. Depois de 30 anos, o fundo exclusivo teria resultado 185% maior que num fundo exclusivo. (Ver tabela no centro da reportagem).
Para Carvalho, com a redução na taxa básica de juros (Selic), que impacta diretamente as aplicações em renda fixa, há duas formas de incrementar os ganhos: a primeira é apostando em modalidades de risco, como a bolsa; e a segunda alternativa é fazendo um planejamento tributário.
William Eid Júnior, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), concorda que o planejamento tributário é uma forma eficiente de melhorar as rentabilidades. Ele pondera, no entanto, que a estratégia de montar um fundo exclusivo não é para qualquer investidor. É preciso ter muito recurso, mas muito mesmo, tipo R$ 10 milhões ou R$ 20 milhões, diz.Carvalho rebate o que o professor diz e afirma que não há regulamentação que dite o piso de uma aplicação para a montagem de um fundo exclusivo.
É possível juntar um grupo de amigos, colegas de trabalho ou familiares para elaborar o fundo, argumenta. O professor da FGV, por sua vez, lembra que, com muito recurso - oriundo de um grupo ou de uma pessoa -, é possível negociar até com o banco de varejo as taxas de administração e outros custos para conseguir melhores rentabilidades. Com muito dinheiro, a negociação é muito mais fácil, comenta.
Na opinião de Eid, a elaboração de um fundo exclusivo só vale a pena se o investidor tiver uma estratégia inédita, que não exista no mercado, para ser a de seu fundo. Nesses casos pode valer a pena, pondera.
O tópico da elaboração da estratégia, no entanto, também é citado por Carvalho para justificar outra vantagem dos fundos exclusivos. Pensamos, em parceria com o cliente, o rumo que o investimento vai seguir, diz. Mas a principal diferença é de fato no bolso por causa da tributação, insiste.
Para montar o fundo. Para inaugurar um fundo exclusivo, é preciso ter a ajuda de uma butique financeira ou de um banco. A modalidade pode ser montada com um único cotista ou um grupo de pessoas. Como já citado nesta reportagem, não há investimento mínimo para iniciar um fundo do tipo, mas, em geral, é exigido pelo gestor um aporte alto - justamente porque a opção exige um atendimento personalizado.
A carteira do fundo é definida pelo investidor, mas conta com o auxílio de quem será o gestor da aplicação. Assim como em qualquer fundo, para decidir quem será o gestor do fundo exclusivo é importante que os investidores vejam o histórico e a reputação do banco ou administrador que montará o fundo.
Depois da contratação, o grupo ou o investidor individual definem o regulamento da modalidade e as formas de investimento.
Outras alternativas. Montar um fundo exclusivo para usufruir da vantagem fiscal é uma das opções possíveis na elaboração do planejamento tributário. Planos de previdência privada são outra alternativa. É preciso minimizar a carga tributária que aqui é muito alta, diz Carvalho.