O Ibovespa alcançou os 67 mil pontos na sexta-feira e já conseguiu zerar as perdas de 2011, com investidores animados pelas especulações sobre o tamanho do corte que o Copom fará na Selic nesta semana. O mercado local contrariou o movimento das bolsas internacionais, que operaram em leve queda, em um dia de poucas notícias relevantes no cenário internacional e de agenda de indicadores praticamente vazia.
Na Europa, os líderes de 25 dos 27 países que integram o bloco econômico da região ratificaram um compromisso de maior rigor fiscal para superar a crise das dívidas soberanas. Na contramão do acordo, a Espanha anunciou que vai elevar seu limite de déficit fiscal, de 4,4% para 5,8% do PIB.
Nos EUA, o movimento foi de realização modesta, após o Dow Jones bater nos 13 mil pontos no meio da semana, nível que não era visto desde maio de 2008, antes da crise financeira mundial. O índice Dow Jones caiu 0,02%, enquanto o Nasdaq recuou 0,43% e o S&P 500 perdeu 0,32% na sexta-feira.
O Ibovespa subiu 1,45%, a 67.781 pontos, nova máxima do ano e maior pontuação desde 11 de abril de 2011, com giro de R$ 6,950 bilhões. As discussões sobre uma atuação mais agressiva do Banco Central na condução da política monetária - o mercado futuro de juros futuros apontou chance de corte de 0,75 ponto percentual na Selic - contribuíram para a valorização do dia. Na semana, o índice acumulou ganho de 2,8% e, em 2012, já registra alta de 19,4%. No ano passado, o Ibovespa recuou 18,1%.
Que o juro vai cair, não há dúvida que vai. Resta saber em qual velocidade, observou o estrategista de investimentos da SLW Corretora, Pedro Galdi, destacando que, quanto mais acentuado o corte nos juros, menor a atratividade do mercado de renda fixa, o que colabora para a migração de recursos para a renda variável.
O especialista lembrou ainda que a presidente Dilma Rousseff se mostrou nervosa com o tsunami de dólares no país e que o governo já começou a adotar medidas na semana passada para conter o fluxo da moeda. Isso reforça a expectativa de que a Bovespa siga descolada do mercado externo nos próximos dias, de olho no Copom e em possíveis novas medidas cambiais.
Por enquanto, o investidor estrangeiro respira aliviado, pois os rumores de que a atuação do governo poderia ser voltada à taxação do ingresso de recursos externos diretamente na bolsa não se confirmou.
Depois de embolsar parte dos lucros em fevereiro, quando houve saída líquida de R$ 1,095 bilhão de capital externo da Bovespa, o estrangeiro seguiu atuando na ponta compradora na sexta-feira, com destaque para o mercado futuro. Em apenas três dias, ele reduziu sua posição vendida (aposta de queda) sobre Ibovespa futuro em expressivos 23.909 contratos e passou a ficar comprado (aposta de alta) em 1.621 contratos.
Entre os ativos de maior peso do Ibovespa, Vale PNA subiu 0,81%, a R$ 43,30 e Petrobras PN ganhou 1,68%. As ações da B2W foram um dos poucos destaques negativos do dia, com perda de 5,6%, para R$ 9,94. A empresa que reúne a operação de sites de comércio eletrônico como Americanas.com, Submarino e Shoptime, apresentou desempenho pífio no quarto trimestre de 2011 e não convenceu.
Fonte: Valor Econômico