Bolsa sobe quase 11%, mas exige cautela
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O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), principal termômetro do mercado acionário do Brasil, está em seu maior nível desde 18 de maio de 2011. Na sexta-feira, marcou 62.904 pontos, ante 62.804 oito meses atrás. A valorização desde o primeiro dia de 2012 já soma 10,84%. Esse cenário de valorização expressiva em curto espaço de tempo costuma atrair o investidor pessoa física.

Mas, apesar da alta, especialistas recomendam cautela a quem pensa entrar no mercado agora. Iniciar gradativamente a venda de ações acumuladas nos últimos meses, porém, pode ser um bom negócio, segundo eles.

Desde que o Ibovespa começou a ter fortes quedas, sobretudo no ano passado, eu indicava aos investidores a compra gradativa dos papéis, para se proteger das oscilações, diz Fábio Colombo, administrador de investimentos. Agora, enquanto a alta se mantiver, a recomendação é de fazer a venda gradativa, completa o especialista, que atua no mercado há mais de 20 anos.

Desde o estouro da crise financeira mundial em 2008, com a quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, as oscilações do Ibovespa - e de outros índices de ações ao redor do mundo - têm sido ainda mais intensas. E a tendência é de continuar assim e até se intensificar, observa Colombo.

Para se ter uma ideia clara disso, basta olhar o resultado do Ibovespa em 2011. O principal indicador da bolsa brasileira perdeu 18,1%. Ter estratégias para se proteger do vaivém, como a compra e a venda gradativa nos momentos oportunos, é essencial para manter a saúde dos investimentos.

Colombo dá outra dica: diversificar a carteira de ações. É bom que se tenha 10 ou 15 empresas diferentes na carteira. Dessa forma, o investidor não se submete ao resultado de apenas uma companhia, explica.

Em termos porcentuais, a alta do Índice Bovespa até aqui (10,84%) é similar à alcançada no fechamento de julho de 2010, quando o Ibovespa subiu 10,80%. E é por essa significativa alta obtida no início do ano que os especialistas dizem que pode não ser uma boa hora para comprar novos papéis.

Quem entrar agora já está, praticamente, perdendo quase 11%, explica Marco Antonio Caetano, professor de Finanças do Insper (ex-Ibmec São Paulo). Ou seja, terá deixado de ganhar com a alta no início do ano.

Para ele, bom investimento neste período de turbulência econômica mundial é o Tesouro Direto. Os títulos do tipo pós-fixado, como as NTN-Bs, são as melhores opções de aplicação hoje, na minha opinião, indica Caetano. Há três papéis deste tipo à venda: um com vencimento em 2015, por pouco mais de R$ 2 mil; outro com data para 2025, por cerca de R$ 1 mil; e o com vencimento para 2035 por R$ 600. Pessoas físicas podem comprar 20% dos títulos e também podem vendê-lo a qualquer momento.

Crises. A bolsa nacional, assim como as de outros países, sofre por causa da situação financeira global instável em decorrência da crise na zona do euro e nos EUA. Muitos dos investidores que aplicam aqui - e nas outras bolsas - são estrangeiros, sobretudo dos países em crise. Quando há dificuldades lá fora, esse investidor, com medo do risco, saca recursos de qualquer ativo que possa dar prejuízo.

É por isso que Rafael Paschoarelli, professor de Finanças da Universidade de São Paulo (USP) e da Fipecafi, há algum tempo afirma que a bolsa brasileira precisa ampliar o número de CPFs nacionais em sua carteira de investidores. Só assim não sofreremos tanto com o humor dos estrangeiros, argumenta.

 

Fonte: Estadão


Data: 31/01/2012 às 10h36
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