Alguns auditores têm aprovado demonstrações financeiras de grandes clientes antes mesmo de concluir seu trabalho, revelou uma entidade fiscalizadora do setor numa avaliação crítica sobre a forma como são realizadas as verificações de contas das empresas.
Os auditores continuam a manter uma postura não cética, ao rever as afirmações da administração sobre as contas de suas empresas, foi a conclusão no relatório da Unidade de Inspeção de Auditorias do Conselho de Divulgação Financeiro. O relatório identificou uma série de casos de chancela prematura nas contas, antes mesmo da conclusão de todo o trabalho necessário.
O relatório não revelou o nome dos auditores responsáveis pela chancela prematura, mas disse que a questão parece ser mais prevalente em uma importante firma, embora as pressões no fim de uma auditoria sejam visíveis também em outras empresas. Em determinado caso, alterações significativas foram feitas nas demonstrações financeiras depois que um revisor oficial de contas as havia concluído.
A AIU monitora o trabalho de auditoria nas maiores companhias com ações em bolsa, bem como em algumas empresas de capital fechado, fundos de pensão, organizações sem fins lucrativos e fundos de investimentos.
Andrew Jones, diretor da AIU, disse que as chancelas prematuras refletem o desejo de algumas empresas de anunciar resultados preliminares auditados. Esses atalhos estão entre as falhas importantes verificadas em 17% das 81 auditorias checadas pela primeira vez pela AIU em 2009-10, ou seja, uma proporção semelhante à encontrada no ano anterior.
Paul George, diretor de auditoria da Diretoria de Supervisão Profissional, do FRC, disse que os auditores precisam por à prova os pressupostos assumidos pela administração das empresas clientes, especialmente na aferição do valor de ativos. Nossa preocupação é com que eles buscam evidências para corroborar a opinião da administração, em oposição a contestar a visão dos administradores.
Embora o relatório expresse desapontamento e mostre que algumas auditorias necessitam de melhorias, ele acrescentou que metade delas foi considerada boa, ou seja, um avanço em relação a 2009-2010. Em geral, as empresas de auditoria revelaram um desempenho satisfatório em termos de abordar as áreas onde eram necessários aperfeiçoamentos, segundo o estudo.
Fonte: Valor Econômico