O padrão tradicional de lidar com equipes nas empresas está com os dias contados e a hierarquia está em queda. Na visão do CEO da empresa de auditoria e consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) Brasil, Fernando Alves, o desafio das corporações está em entender estas ideias e lidar de forma mais flexível com a força de trabalho, tendo em vista que o conhecimento passou a ser o ponto principal das empresas, e que sem mão de obra qualificada é impossível desenvolvê-lo.
Inseridos em um contexto onde os imperativos tecnológicos têm grande força, boa parte dos profissionais de hoje quer trabalhar em organizações onde não haja um padrão hierárquico, e sim uma liderança construída em rede, e preferem as relações interpessoais e não mais pessoais. Segundo Alves, é exatamente por isso que as empresas devem aplicar alto componente de inovação e flexibilizar não só a jornada e o ambiente de trabalho, mas também a carreira dos indivíduos.
Também a conectividade e o treinamento são fundamentais para atender à demanda de gerações que entram no mercado mais fiéis a conceitos de gestão do que às corporações. É o caso da geração Y, formada por pessoas que nasceram a partir de 1980, que preferem ambientes de trabalho menos estressantes, almejam retorno imediato e exigem transparência e mudanças com mais frequência.
“Nunca uma geração foi tão diferente das outras”, destaca o executivo, explicando que há uma necessidade real dos departamentos de RH de modificarem a forma de gestão. Tema de painel apresentado por Alves durante o Fórum de Gestão de Pessoas promovido pela Amcham Brasil nesta quinta-feira, no Teatro do Ciee, o futuro dos modelos de gestão passa pelo foco nos jovens da geração Y, uma vez que os mesmos representam 60% da força de trabalho da maioria das organizações brasileiras. A mudança de paradigma na gestão de RH exige uma visão que reconheça não só a diversidade de gênero dos profissionais que mantém, mas também de etnias, ideologias, orientação sexual, entre outras, uma vez que estes jovens demandam esta postura.
O novo padrão exige que as corporações introduzam vários processos de carreira e jornadas de trabalho distintas, cobrando igual desempenho dos diferentes públicos. O CEO da PwC ressalta que nunca antes na história as pessoas foram meio de produção de forma tão forte como hoje. Alves frisa que, ao mesmo tempo em que flexibilidade passa a ser a palavra de ordem para as empresas do futuro, exige que a legislação trabalhista crie espaços para viabilizar processos. “A legislação trabalhista no Brasil é um problema, porque não reconhece mudanças atreladas à tecnologia, que permite que as pessoas trabalhem em casa, ou em deslocamento, ou apenas por um turno”, critica Alves.
Fonte: Jornal do Comércio
Escrito por: Adriana Lampert